domingo, 11 de maio de 2008

Trocado por clichê sai caro.

[Recado aos que não sabem: Liv Tyler está solteira]

Início Clichê:

Chega uma hora na vida de um alguém que escreve/escritor em que se torna impossível acabar não falando de certos assuntos. Com certeza você já leu sobre muitos e ouviu falarem de todos. Vamos a eles então.

O Ato de Escrever:

Escrever coletivamente é uma boa experiência que eu deixei de praticar há um bom tempo. A imprevisibilidade do que aparecerá em seguida dá a motivação para que se continue escrevendo. A confluência de idéias e união dos presentes escritores e colaboradores faz com que o exercício da escrita torne-se bastante prazeroso. O principal fator que me levava a escrever colaborativamente era o tesão no caos, ver como as coisas seriam lançadas e como nós conseguiríamos amarrar aquilo de maneira a fazer sentido.

Já escrever sozinho são outros quinhentos. É impossível se sentir 100% bem na hora de escrever. Quando o homem está de bem consigo mesmo não há necessidade de conversar com as letras, simplesmente optamos por fazer aquilo que a vida vai jogando na nossa cara. Não escrever narração é um ato mais solitário ainda, você não pode jogar nos personagens as suas frustrações. Jogue, então, na vida. Ela é anônima o suficiente para que ninguém consiga achá-la e saber o que se passa realmente. Escrever sozinho, e publicar posteriormente, é uma coisa que pode ajudar a quebrar ou a criar máscaras, você acaba revelando o que é ou gostaria de ser. É o equivalente a ficar nu, na Marquês de Sapucaí, sabendo que não é carnaval. Qualquer passante pode descobrir seus pensamentos, que, por vezes, são mais constrangedores do que sua intimidade (fatos).

[Digitar deitado por muito tempo pode ser desconfortável para o corpo e para as idéias, mas parece que você muda menos de janela e se concentra mais no ato de escrever]

[O que pode ser mais clichê do que metalinguagem para falar sobre escrita?]

A Vida, o Tempo e a Morte:

Você não escolhe nascer, durante um bom tempo também não escolhe como levará sua vida. Mas após algum período não definido, ganha-se acesso ao entendimento de como a vida funciona, ao menos de como a sua vida funciona. Mudá-la ou não é uma decisão de cada um. Escolher ser a mesma pessoa de sempre, mudar para se adequar aos outros ou mudar para que os outros se adeqüem [que palavra horrorosa] vai influenciar sua vida e a vida daqueles com quem você convive.

Não sei como funciona o tempo, se alguém encontrar uma bula, me avise. Meus experimentos com o tempo me informaram que ele sempre existe e está disponível, as pessoas (e eu me incluo nesse grupo excepcionalmente para este caso) é que não sabem usá-lo. Alguns iluminados entendem seu funcionamento e conseguem fazer duas faculdades, estagiar, trabalhar, namorar e ir ao cinema com amigos. Acho que se eles revelarem o segredo, a polícia encontrará o super-ninja que matou a Menina Isabela.

[Não é um epitáfio]

Vista sua roupa preta, vamos falar da morte. Uns a temem, outros a odeiam e eu já tenho minha opinião formada sobre ela. Nunca tive uma experiência de perder alguém muito próximo e querido, então talvez eu fale um monte de merda daqui pra frente. Minha morte não me preocupa, se eu morrer não vou mais precisar me preocupar com nada. As coisas que eu tinha para fazer ou conquistar vão ser problema dos outros. Odeio dar trabalho para os outros, mas apenas em vida. Depois de morto, deixaria os outros cuidarem dos meus assuntos, num ato final de egoísmo. Depois disso, gostaria que todos me esquecessem e continuassem com suas vidas. Não ligo em morrer aos 27 ou 45 anos. Só não gostaria de ficar velho ou doente demais a ponto de não conseguir fazer as minhas coisas sem auxílio de ninguém.

O Amor:

Não vale a pena escrever tanto sobre este clichê. Posso afirmar, contudo, que ele é construtivo e destrutivo. O amor ajuda as pessoas a deixarem de ser elas mesmas (destruindo-as) e mudarem para algo que o objeto amado prefira (reconstruindo-as). Duas pessoas não podem se amar de maneira recíproca sem que ao menos uma delas passe pela reconstrução. Se esse sentimento fosse tão positivo quanto cantam por aí, as pessoas poderiam se apaixonar por aquelas por quem se apaixonaram, e não pelas quimeras pós-sentimentos.

Conclusão clichê:

[Alô, Márcia, eu quero publicar meu texto de auto-ajuda e ser rico]

Tenha suas opiniões e idéias, compartilhe se quiser, saiba as dos outros se quiser e interprete o da maneira que quiser o que você quiser. Reflita ou não, mas aja (caso seja necessário e você esteja disposto).